Ser avoh...

Ser avoh...
Minha irmã Melinha postou: "Esperando feliz o novo membro da familia que tá chegando daqui uns meses..." e me inspirou à criação desta página.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Natal...

Nesse domingo assisti a uma Cantata de Natal das crianças em minha Igreja .








Até aí nada demais pois todos os anos aquela garotada linda apresenta um espetáculo desses.


Mas esse ano foi muito diferente pois o tema era um Natal bem brasileiro, com direito a forró, bandeirinhas coloridas, bonecos gigantes e estandarte com estrela na ponta e fitas douradas!


Mas o mais interessante foi que, dessa vez, eu tinha uma expectativa real de que no ano que vem a Julia poderia estar ali comigo, ouvindo, dançando, fazendo graça como muitos bebês que ali estavam!


Eu já sou muito tocada quando o assunto é música, criança e Jesus.


Foi ainda mais forte e gostosa a sensação naquela noite, eu ali sentada ao lado da Bibi (e da Julia), ouvindo o cantar dos pequeninos sobre o verdadeiro sentido do Natal:


Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e  o seu nome será : Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. Isaías 9:6

Feliz Natal!!!


abs
Nilcea 



segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Mozart e ultrassom. Coisas de Júlia...

Olá!

Bia e Marcos na sala de exames para o ultrassom do mês.
Júlia "de bruços" mostrava tudo menos o seu lindo rostinho.
Após todas as medições possíveis e necessárias naquela posição a médica pacientemente espera que a bebê se vire pois precisa algumas verificações na sua face.
Mas qual! Júlia nem se move. Tranquila e serena, estica aqui, soluça ali, faz xixi acolá (hehe) mas virar que é bom... nada!

Quando a Bia,  a mãe da criança, pergunta: "Dra. ela gosta de música. Posso colocar o fone para ver se ela se mexe?"



A médica muito simpática e um tanto descrente diz que sim e.... tcham tcham tcham!!!
Júlia se volta e o exame enfim é completado!!

Fora dizer que a minha neta já tem um gosto invejável musical (rs) isso me levou a dar uma olhadinha no que dizem as pesquisas mais recentes sobre música para bebês. E olha só:

"Os sons de Mozart podem ajudar a desacelerar o metabolismo de bebês prematuros, potencialmente ajudando-os a ganhar o peso necessário, revelou um estudo israelense.

A maioria das pesquisas sobre o chamado "efeito Mozart" feitas até agora se concentrou na hipótese de que ouvir o compositor possa beneficiar o QI (quociente de inteligência) dos ouvintes.

Mas pesquisadores também estão encontrando evidências de que a música, em geral, pode ajudar bebês prematuros a ganhar peso e crescer.

Israelenses analisaram os efeitos potenciais de Mozart sobre o metabolismo em descanso de 20 bebês prematuros e saudáveis, baseados na premissa de que o metabolismo mais baixo pode ajudar a explicar o aumento de peso atribuído à música em estudos.

Os cientistas mediram o metabolismo em descanso dos bebês enquanto eles ouviam 30 minutos de Mozart em dois dias consecutivos e compararam com o metabolismo medido em 30 minutos de silêncio por outros dois dias.


Eles constataram que o metabolismo dos bebês se desacelerou em média 13% depois de 10 a 30 minutos ouvindo um disco de Mozart para bebês.


O pesquisador Ronit Lubetzky, do Centro Médico Sourasky, em Tel Aviv, capital israelense, disse que a descoberta vem confirmar a teoria de que a música pode ajudar bebês prematuros a ganhar peso, apesar de a equipe não ter medido diretamente o peso dos bebês."   http://noticias.r7.com


Interessante, não?

Encontrei dois links para vocês aproveitarem um pouquinho desse som maravilhoso:    

Romance (Serenata Notturna/ k 526/2) 2/9 

So Wonderful (The Magic Flute/ k 620) 3/9 .


Bom relax!!
abs

Nilcea <><<

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Parquinho...

Olá!


Já estou começando a sonhar... 


O que antes estava um tanto quanto "surreal" na minha vida está começando a tomar forma! Outro dia brinquei com a Taciana e a Lalá que "o Universo estava conspirando para a chegada da Julia!"  


Explico: 
Há muitos anos, praticamente desde que meus filhos eram pequenos, que não faziam nenhuma melhoria na área de lazer do condomínio. 
Pra mim, fazia pouca diferença  pois com os filhos já grandes não sentia falta daquele espaço. 


E não é que esta semana passando por lá vi uma cerquinha de madeira diferente no local,? Chegando mais perto percebi que trocaram todos os brinquedos e gramaram a área!!! 


Já me vejo levando a Julia pra brincar naquele espaço, com todas aquelas crianças que com certeza serão bem menos bonitas que minha neta, e também bem menos espertas e engraçadinhas...  


Fiz as contas e no próximo verão ela já estará aproveitando bem ali e o lugar vai estar prontinho para ela!




Brincadeiras à parte, o que de verdade me chamou a atenção é o renovar do sentimento, da vontade de fazer, da importância que já não havia, da mudança de foco. 


Expliquei no inicio desse blog que aqui seria um lugar para registrar tudo o que for acontecendo comigo, as mudanças e sensações que eu fosse experimentando. 
Pelo jeito, esse espaço vai ser pouco!


abs


Nilcea <><<


Julia, vou estar prestando atenção se estão cuidando bem do nosso parquinho, ok? Até você chegar e podermos ir juntas lá brincar!  

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

SHANTALA

Outro dia (delicioso dia, diga-se de passagem...) minha nora #1, Taciana, me perguntou se eu já estava comprando algumas coisas de avó. 
Fiquei meio sem saber o que dizer porque não havia pensado nisso. Como assim? Coisas de avó? 
Ela paciente me esclareceu: "tipo coisas para você, tem uma linha agora da  Natura para vovós e vovôs!"


Fui dar uma olhada na tal linha e me pus a pensar sobre a importância do toque nos bebês...


Lembrei que há muito tempo atrás ganhei da minha irmã Amelinha (tia-avó da Julia hehe) um livro lindo com uma dedicatória mais linda ainda: 


Shantala,  do médico obstetra francês Frédérick Leboyer.




Shantala  é  uma indiana, paraplégica, que se dedica a massagear as crianças da  comunidade onde vive para que elas se acalmem e se desenvolvam melhor. 


Há nessa massagem uma ideia de segurança pelo toque, segurança essa que foi perdida quando o bebê passou do ventre de sua mãe, onde tudo era calmo e tranquilo, para o mundo exterior.





Na psicomotricidade aprendi que leva um tempo para que o bebê 
perceba seu próprio corpo 
e o "ser tocado" é extremamente importante nesse processo.



E o toque feito com afeto e amor faz toda a diferença!




Shantala se tornou um método de massagem, estudado e praticado, mensurado e descrito academicamente.


Mas não nos enganemos,  o verdadeiro valor dessa técnica não está na ciência nem nos estudos anatômicos ou fisiológicos. 


Antes, nas palavras do próprio Leboyer, " ... este segredo estava bem ali. Feito, simplesmente, de amor e luz, de silêncio e gravidade."






bjs 


Nilcea <><<






PS. Para quem se interessar o livro está à venda na   Livraria Cultura  e é bem acessível! 









sexta-feira, 21 de outubro de 2011

JULIA !!!!!!!!!!!!




Recebi essa mensagem hoje.

 E de repente....











  .... meu mundo se tornou cor-de-rosa!!! 


Seja bem vinda Julia


   O início de uma nova geração.


 "Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os habitantes da terra.
Servi ao Senhor com alegria, e apresentai-vos a ele com cântico.
Sabei que o Senhor é Deus! 
Foi ele quem nos fez, e somos dele; somos o seu povo e ovelhas do seu pasto.
Entrai pelas suas portas com ação de graças, e em seus átrios com louvor; dai-lhe graças e bendizei o seu nome.
Porque o Senhor é bom; a sua benignidade dura para sempre, e de  geração em geração a sua fidelidade."

Salmos 100:1-5


bjs

Nilcea <><<

sábado, 15 de outubro de 2011

Compras...



... no Paraguay !  Dale!!



Pois é. Já disse em outro post o quanto sou péssima em comprar coisas mas que a perspectiva de me tornar avó de um bacurizinho está me causando algumas mudanças, não foi?

Pois bem, no último feriado fui com o Projeto Mackenzie Voluntário #vailá ) e o Programa Escolas sem Fronteiras até uma cidadezinha no norte do Paraguay: Concepción. Uma experiência que valeu a pena em todos os sentidos!

Viagem longa mas tranquila e deliciosa pra quem, como eu, ama estar com as pessoas e conhecer outros modos de vida.

Na volta, uma (nova para mim) já tradicional parada no Shopping CHINA. Leia-se: Mega templo ao consumismo, com precinhos não tão palatáveis porém de uma variedade  de produtos bem razoável.

Lá vai a minha pessoa por entre aqueles corredores atulhados de coisas imprescindíveis, sem saber bem o que estava fazendo ali. 

Ok, eu havia pensado antes que iria dar uma olhada num jogo e numa câmera. O jogo estava caro (segundo a  Larissa, futura tia do bacuri citado acima) porém a câmera foi devidamente adquirida. Lógico que para tirar fotos e mais fotos do bebê!

Isso feito, a única coisa que me vinha à mente era meu netinho/a. O que iria levar para ele/a ? Brinquedos sem origem conhecida nem pensar pois seriam muito perigosos, segundo algumas reportagens da TV. 

Foi quando, já desistindo, encontrei a Fernanda com uma centopéia simpaticíssima na mão. Onde achou essa fofura? Quanto custou? Ela me entendendo, porque é tão "vida simples" como yo, me ajudou rapidamente e lá fui eu atrás da colorida lagartinha. 

Mas, tinha que ser... Depois de sair de lá toda contente com meu recuerdo del Paraguay para meu neto/a me dou conta que o que deveria ser educativo vai seguramente virar tema de piada!

Cada uma das perninhas da centopéia tem um numeral ou um símbolo de + ou = assim:                         1+2=3+4=7 etc  

 Só que do outro lado los hermanos continuaram na mesma toada o que fez com que as continhas ficassem todas da direita para a esquerda!!! (vide foto) 

 


Bem, ainda posso alegar que estou preparando o meu netinho/a para a leitura dos idiomas orientais... 

Ou...  lhe ensinar o primeiro provérbio de sua vidinha : "O que vale é a intenção!!" 



Nilcea <><<

domingo, 25 de setembro de 2011

Mudanças...

Sinto que estou mudando como pessoa...

À medida que a barriga da Bibi cresce eu sinto mudanças em mim. (!?!?)

Acho que talvez por ser minha primeira vez nessa história de ser avó muitos dos meus paradigmas estejam mudando porque agora essa criança que vem aí é... meu neto!! : )

Acabei de constatar isso nesse fim de semana:

Estiveram aqui em casa um casal de amigos da Bibi e do Marcos lá de SRV - a Helô e o Lucas com suas duas fofoletes: a Joana e a  Luisa.

Estávamos conversando sobre birra de criança e eu, lembrando de quando meus filhos eram pequenos comentei que sempre (eu disse SEMPRE) detestei birra de criança. Sempre achei feio e etc etc..



Quando me dei conta que a Luisa, pequenina de 2 anos, havia acabado de fazer uma birra e eu havia rido e achado bonitinho!!!!

Está  certo que a Luisa ( e quem a conhece sabe que não estou exagerando) consegue transformar tudo em "uma gracinha" !! Ela é o que chamam de um bebê "so cute" !



Mas isso me fez pensar no quanto posso estar mudando sem perceber, na expectativa da chegada de um netinho.

Mas não pensem que acho isso negativo. Aliás, sempre quis ter liberdade para mudar e curtir ao máximo o momento especial (porque todos os momentos são especiais) que Deus esteja me proporcionando.

Como escrevi no meu perfil, sou uma avó em desenvolvimento. Quero mudar o que for preciso para ser relevante para os meus queridos. Que Deus me ajude!


Nilcea <><<

PS: esse post foi um pretexto pra agradecer à Bibi, ao Marcos Paulo, à Helô, ao Lucas, à Joana e à Luisa, por fazerem meu fim de semana tão especial ! Deus os abençoe! <><<

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Tipos de avó...

Que tipo de avó eu quero ser? 




Uma vovó palhacinha?




               

Uma vovó cibernética?






Uma vovó muuuuuuito carinhosa?



Ah! Ah! Ah!  Consumista? 



Esportiva?!




Preocupada?...






Roqueira?






Ou muuuito cult?



Aceito sugestões!!! Ainda tenho tempo de decidir!! hehe


bjs 


Nilcea <><<

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Filhos de filhas... filhos de filhos...

Já havia pensado um pouco nesse assunto quando minha sobrinha #2, Cristina , me pediu: "Tia, escreve sobre a diferença entre filho de filho e filho de filha!! Você acha que tem diferença mesmo? " 
Porque ela estava tão interessada no tema, visto que seus filhotes ainda estão bem "aninhados", eu não sei...
Mas, vamos lá. 


Tenho observado vários tipos de avós e netos e, definitivamente, não vejo diferença nenhuma!


Talvez na gravidez exista sim uma maior preocupação da avó materna, pois afinal o bebê está sendo gestado no corpo a quem um dia ELA deu à luz! E isso, convenhamos, não é pouca coisa para uma mãe!...
Mas após o nascimento o que vai fazer alguma diferença é a disponibilidade e as circunstâncias da vida mesmo. 
Conheço mulheres que precisaram que suas sogras cuidassem do filho o que fatalmente causaria uma maior aproximação... ou não! 
Assim como outras deixaram seus filhos com a  mãe e... só deu problema!! 


Na verdade, tudo isso é muito estranho pra mim. Sinto que, como qualquer relação, o respeito (no caso, às regras e diretrizes da educação do neto) é o que importa e o que não pode em hipótese alguma ser esquecido.
Quando olho para trás não vejo onde minha avós poderiam ser diferentes. As duas sempre respeitaram muito o modo como minha mãe nos criava.E cada uma, a seu modo e maneira, teve sua influência em mim e tem hoje seu lugar em meu coração. 


Dando uma olhada na net sobre o assunto achei esse interessante artigo na revista Crescer . Entre outras coisas o texto diz que: 


"Ficar na casa dos avós geralmente é sinônimo de diversão. É comer pipoca e bolo de chocolate, brincar de luta no tapete da sala, ter a comida preferida na hora da refeição e ouvir muitas histórias. Mas não é apenas nas brincadeiras e na fuga da rotina que o papel deles é desempenhado; os avós podem ser conselheiros, educadores e um conforto em momentos difíceis."




bjs
Nilcea <><<


Ah! Cris,definitivamente, não há diferença entre filhos de filhas e filhos de filhos!! Pelo menos para mim! E tenho dito! hehe









quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Pé de galinha não mata pinto.


D. Dorcas


Exemplo de avó.

Presente sem ser invasiva. Preocupada e sempre pronta. Do seu jeitinho simples, quase mineiro,  sempre falava o que tinha que ser dito: às crianças, aos adolescentes e muitas vezes a nós mães. 

Festeira, adorava surpreender os netos com ovos de páscoa no Natal, pilhas de sorvetes no freezer, luzinhas por todo o quintal e festas de aniversário. 

Lembro-me que quando levamos o Daniel (meu primeiro filho) da maternidade para casa, ao preparar seu primeiro banho minha avidez em fazê-lo era tão grande que só muito tempo depois me peguei pensando que outra filha qualquer teria dado a primazia para a vovó... mas não eu! 
Egoísta e "galinha choca" fui me aventurando sob o olhar e as mãos atentas de minha mãe. 

Num instante de insegurança disse a ela: "Mãe, se eu estiver fazendo algo errado você me fala ?" 
E ela: "Não se preocupe minha filha, "pé de galinha não mata pinto"

Nunca mais esqueci. 
Aquelas simples palavras de sabedoria popular, ditas naquele momento fizeram com que me sentisse tão segura, tão tranquila... 

E até hoje eu agradeço o fato dela não ter se sentido preterida por não ter dado o primeiro banho em seu primeiro neto "homem" e sim me ajudado a me sentir tranquila e perfeitamente capaz de cuidar de "minha cria".

Dela tenho saudade.
Dela quero a fé, a generosidade, a solicitude, o amor.

bjs 

Nilcea <><<



segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Videos e Ultra-sons


Quando engravidei dos meus filhos não era tão usual se fazer exames de ultra-som.
Meu primeiro obstetra até dizia que não sabia direito se havia qualquer risco de malefício para o bebê por isso ele não o pedia com frequencia!


Talvez por isso minha emoção tenha sido tão grande quando vi na tela, postado no Vimeo, uma figurinha pulsante com batimentos a 173 bpm, piscando em meio a uma confusão de imagens que só os entendidos entendem!!!


O que foi aquilo?! 
Ao som de Beautiful Day  do U2 acompanhei os mais emocionantes 1'24" da minha vida.
Isso numa época em que, depois de todas as emoções que vivi nos nascimentos de meus filhos, achei que nada se compararia a aquilo... 
Doce ilusão!




Mas, verdade seja dita, não se compara mesmo. 
Naquela época a emoção vinha carregada de um sentimento de responsabilidade e expectativa.
Agora... puro enlevo!!!


Uma sensação de eternidade, de perenidade, de um já tão grande amor por tão pequenino ser...


Choramos, J. e eu, olhos grudados na tela, ao fundo os batimentos do coraçãozinho e os nossos próprios.
Num momento, um filme passou por nossa mente e me arrisco a dizer que de novo sentimos a emoção do nascimento de Marcos Paulo, a excitação e a alegria, um misto de sensações e sentimentos que em breve tomará forma diante de nós.

"A Deus toda honra e toda Glória" 





ITS A BEAUTIFUL DAY ... DONT LET IT GET AWAY...



domingo, 7 de agosto de 2011

A ARTE DE SER AVÓ por Rachel de Queiroz

Recebi esse texto no dia da vovó. 
Achei lindo e resolvi compartilhá-lo com vocês! 

"Quarenta anos, quarenta e cinco. Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que esperava.
Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem suas alegrias, as sua compensações - todos dizem isso, embora você pessoalmente, ainda não as tenha descoberto - mas acredita.
Todavia, também obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade.
Não de amores nem de paixão; a doçura da meia-idade não lhe exige essas efervescências. A saudade é de alguma coisa que você tinha e lhe fugiu sutilmente junto com a mocidade.
Bracinhos de criança no seu pescoço. Choro de criança.
O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meu Deus, para onde foram as suas crianças?
Naqueles adultos cheios de problemas, que hoje são seus filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento e prestações, você não encontra de modo algum as suas crianças perdidas.
São homens e mulheres - não são mais aqueles que você recorda.
E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe põe nos braços um menino. Completamente grátis - nisso é que está a maravilha.
Sem dores, sem choro, aquela criancinha da sua raça, da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um menino que se lhe é "devolvido".
E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito sobre ele, ou pelo menos o seu direito de o amar com extravagância; ao contrário, causaria escândalo ou decepção, se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração.
Sim, tenho a certeza de que a vida nos dá os netos para nos compensar de todas as mutilações trazidas pela velhice.
São amores novos, profundos e felizes, que vêm ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis.
Aliás, desconfio muito de que netos são melhores que namorados, pois que as violências da mocidade produzem mais lágrimas do que enlevos. 



Se o Doutor Fausto fosse avô, trocaria calmamente dez Margaridas por um neto... No entanto! Nem tudo são flores no caminho da avó.
Há, acima de tudo, o entrave maior, a grande rival: a mãe.
Não importa que ela, em si, seja sua filha. Não deixa por isso de ser a mãe do neto. Não importa que ela hipocritamente, ensine a criança a lhe dar beijos e a lhe chamar de "vovozinha" e lhe conte que de noite, às vezes, ele de repente acorda e pergunta por você.
São lisonjas, nada mais. No fundo ela é rival mesmo. Rigorosamente, nas suas posições respectivas, a mãe e a avó representam, em relação ao neto, papéis muito semelhantes ao da esposa e da amante nos triângulos conjugais.
A mãe tem todas as vantagens da domesticidade e da presença constante. Dorme com ele, dá-lhe banho, veste-o, embala-o de noite. Contra si tem a fadiga da rotina, a obrigação de educar e o ônus de castigar.
Já a avó não tem direitos legais, mas oferece a sedução do romance e do imprevisto. Mora em outra casa. Traz presentes. Faz coisas não programadas.
Leva a passear, "não ralha nunca". Deixa lambuzar de pirulito. Não tem a menor pretensão pedagógica.
É a confidente das horas de ressentimento, o último recurso dos momentos de opressão, a secreta aliada nas crises de rebeldia. Uma noite passada em sua casa é uma deliciosa fuga à rotina, tem todos os encantos de uma aventura.
Lá não há linha divisória entre o proibido e o permitido, antes uma maravilhosa subversão da disciplina.

Dormir sem lavar as mãos, recusar a sopa e comer croquetes, tomar café, mexer na louça, fazer trem com as cadeiras na sala, destruir revistas, derramar água no gato, acender e apagar a luz elétrica mil vezes se quiser - e até fingir que está discando o telefone.
Riscar a parede com lápis dizendo que foi sem querer - e ser acreditado!
Fazer má-criação aos gritos e em vez de apanhar ir para os braços do avô, e lá escutar os debates sobre os perigos e os erros da educação moderna...
Sabe-se que, no reino dos céus, o cristão defunto desfruta os mais requintados prazeres da alma. Porém não estarão muito acima da alegria de sair de mãos dadas com o seu neto, numa manhã de sol. E olhe que aqui embaixo você ainda tem o direito de sentir orgulho, que aos bem-aventurados será defeso.
Meu Deus, o olhar das outras avós com seus filhotes magricelas ou obesos, a morrerem de inveja do seu maravilhoso neto!
E quando você vai embalar o neto e ele, tonto de sono, abre um olho, lhe reconhece, sorri e diz "Vó", seu coração estala de felicidade, como pão ao forno.

E o misterioso entendimento que há entre avó e neto, na hora em que a mãe castiga, e ele olha para você, sabendo que, se você não ousa intervir abertamente, pelo menos lhe dá sua incondicional cumplicidade.
Até as coisas negativas se viram em alegrias quando se intrometem entre avó e neto: o bibelô de estimação que se quebrou porque o menino - involuntariamente! - bateu com a bola nele.
Está quebrado e remendado, mas enriquecido com preciosas recordações: os cacos na mãozinha, os olhos arregalados, o beicinho pronto para o choro; e depois o sorriso malandro e aliviado porque "ninguém" se zangou, o culpado foi a bola mesma, não foi, vó?
Era um simples boneco que custou caro. Hoje é relíquia: não tem dinheiro que pague."
Rachel de Queiroz

Gostaram? 

bjs
Nilcea <><<

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Exemplos 3


Vó Angelina 



Cresci ouvindo que eu era muito parecida com minha avó Angelina quando jovem. 
Filha de imigrantes italianos, mulher de traços fortes e elegancia discreta.

Viúva, não conheci meu avô que faleceu quando meu pai era ainda bebê. Foi estigmatizada numa sociedade machista e provinciana. 
Apesar de morar na mesma cidade de minha avó materna, onde passávamos as férias, poucas vezes íamos à sua casa. 

Mas quando íamos... era tudo tão diferente! A começar das revistas sobre cinema e radio, artistas famosos, tanto glamour numa casa tão simples e humilde...
Ficávamos sentados na pequena salinha folheando a coleção de semanários,  descobrindo um mundo novo e interessante, diferente de tudo que conhecíamos. 
Aquelas visitas eram interlúdios de cultura e tranquilidade em nossa férias.

Mas a minha avó tinha um cuidado especial nessas visitas. Costumava fazer o que cada um mais gostava: pipoca para o Juba, pamonhas para minha mãe e minhas irmãs e um delicioso curau pra mim! hummmm....

Ela mesma plantava o milho e oferecia os quitutes com muito orgulho. 
Em seu quintal, que explorávamos quando a conversa já ia alta, havia uns melões de casca escura e amarelos por dentro que nunca mais encontrei. Na cerca de bambu cresciam trepadeiras com uma frutinha amarela muito doce que comíamos deliciados. 

Quando moramos nesta cidade, em minha adolescencia, vó Angelina sofreu um AVC e ficou acamada por dez meses vindo a falecer. 
Hoje, me vem à lembrança sua discreta elegancia, sua vaidade sem exageros, sua cultura apesar de toda dificuldade. 

Dela quero a clareza, a tranquilidade e a atenção diferenciada a cada neto, sem exageros. 

Dela também tenho saudades e a sensação de que poderia ter aproveitado um pouquinho mais... 

Nem tudo é perfeito.


Nilcea <><<

domingo, 24 de julho de 2011

Exemplos 2


Vó Tuti e Vô Euclides




Costureira? Não! Modista!!!

Aprendi a costurar, a fazer tricô e crochê e a bordar com ela.
Era em sua casa que passávamos as férias escolares quando não íamos à praia.
Mãe de minha mãe, Vó Tuti era exigente, colocava todo mundo a trabalhar! Não tinha moleza,não! Ajudávamos em tudo mas também tínhamos muitas regalias e muito espaço para brincar!

Uma das coisas que me lembro eram daquelas  noites em que, à volta da grande mesa da sala de jantar, nós netos ouvíamos fascinados suas histórias "de medo" . Histórias que , segundo ela, aconteceram  mesmo. Histórias que envolviam um inquilino que era lobisomem, hóspedes que se transformavam em mulas sem cabeça, um toco de árvore que crescia e escondia a luz da lua e a fatídica "história da cabrita"! História essa que ela nunca nos contou por se arrepiar de medo só de pensar!! Mesmo com nossos insistentes pedidos: "Conta a da cabrita, vó!!!! Conta vai!" E ela "arrepiada" acabava com a sessão de terror e nos mandava dormir!

Já conheci vó Tuti (Olíria só no documento!) com uma certa idade, com seu cabelo branco que habilmente trançava e enrolava num coque preso por dois grandes grampos. Amava quando ela me deixava penteá-lo!

Moramos na mesma cidade por tres anos e ir à sua casa durante a tarde era um momento muito especial pra mim. 
Vó Tuti, sempre ocupada com seus afazeres domésticos ou fazendo seu "corché", sua porta sempre aberta, o café no bule verde sobre o fogão à lenha,  coisas que, hoje sei, ajudaram em minha construção como pessoa. 

Mas o quanto isso me construirá como avó dos meus netos? 

Dela quero ter a solicitude, a firmeza, a paciencia e a generosidade.

Dela e daqueles tempos tenho saudades e a certeza de um tempo muito bem vivido.

Valeu vovó Tuti!


Nilcea  ("Nirce" para ela)  <><<