Ser avoh...

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Minha irmã Melinha postou: "Esperando feliz o novo membro da familia que tá chegando daqui uns meses..." e me inspirou à criação desta página.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Exemplos 3


Vó Angelina 



Cresci ouvindo que eu era muito parecida com minha avó Angelina quando jovem. 
Filha de imigrantes italianos, mulher de traços fortes e elegancia discreta.

Viúva, não conheci meu avô que faleceu quando meu pai era ainda bebê. Foi estigmatizada numa sociedade machista e provinciana. 
Apesar de morar na mesma cidade de minha avó materna, onde passávamos as férias, poucas vezes íamos à sua casa. 

Mas quando íamos... era tudo tão diferente! A começar das revistas sobre cinema e radio, artistas famosos, tanto glamour numa casa tão simples e humilde...
Ficávamos sentados na pequena salinha folheando a coleção de semanários,  descobrindo um mundo novo e interessante, diferente de tudo que conhecíamos. 
Aquelas visitas eram interlúdios de cultura e tranquilidade em nossa férias.

Mas a minha avó tinha um cuidado especial nessas visitas. Costumava fazer o que cada um mais gostava: pipoca para o Juba, pamonhas para minha mãe e minhas irmãs e um delicioso curau pra mim! hummmm....

Ela mesma plantava o milho e oferecia os quitutes com muito orgulho. 
Em seu quintal, que explorávamos quando a conversa já ia alta, havia uns melões de casca escura e amarelos por dentro que nunca mais encontrei. Na cerca de bambu cresciam trepadeiras com uma frutinha amarela muito doce que comíamos deliciados. 

Quando moramos nesta cidade, em minha adolescencia, vó Angelina sofreu um AVC e ficou acamada por dez meses vindo a falecer. 
Hoje, me vem à lembrança sua discreta elegancia, sua vaidade sem exageros, sua cultura apesar de toda dificuldade. 

Dela quero a clareza, a tranquilidade e a atenção diferenciada a cada neto, sem exageros. 

Dela também tenho saudades e a sensação de que poderia ter aproveitado um pouquinho mais... 

Nem tudo é perfeito.


Nilcea <><<

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